A roda de encerramento exibirá o filme Barra 68 e trará nomes importantes para a reconstrução da memória do regime militar na UnB.

 

 

 

A roda de conversa que encerra “Marcas da Memória” será amanhã, sexta-feira, 26 de outubro, às 19h, no Anfiteatro 10, localizado no Instituto Central de Ciências (ICC-Centro), no Campus Universitário Darcy Ribeiro. A mostra está exibindo, ao longo desta semana, 15 filmes sobre as violações dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil. As sessões estão acontecendo duas vezes ao dia nos anfiteatros 09 e 10.

 

O evento de encerramento da mostra busca levantar principalmente os atos de violação que ocorreram dentro da Universidade a fim de resgatar um pouco da história daquele período – 1964 a 1988 – e de colocar o tema em discussão para a comunidade acadêmica e para a população.

 

Os nomes convidados para falar são: Vladimir Carvalho, diretor do filme “Barra 68 – sem perder a ternura”; a reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão; José Otávio Guimarães e Fernando Oliveira Paulino, integrantes da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB; Mateus Guimarães, sobrinho de Honestino Guimarães (estudante desaparecido pela ditadura) e  Cláudio Almeida, estudante da Universidade na época do regime totalitário, presente em uma das invasões militares.

 

 

(Em 9 de abril de 1964, tropas militares invadem a UnB. Fonte: Memorial da Democracia)

 

O filme a ser exibido na ocasião, "Barra 68 – Sem perder a ternura" (2001), foi roteirizado e dirigido pelo professor emérito de cinema da UnB Vladimir Carvalho. A obra trata da perseguição que estudantes e professores sofreram durante a ditadura – especialmente na invasão do Exército em 1968.

 

No filme, Vladimir também retrata imagens do estudante desaparecido Honestino Guimarães. Perseguido pela ditadura militar no Brasil, o ex-líder estudantil desapareceu no dia 10 de outubro de 1972, após ser preso pela sexta vez, no Rio de Janeiro. Ex-aluno do curso de geologia da UnB, Honestino Monteiro Guimarães dá nome ao atual Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição.

 

 

(Documento de identificação de Honestino Guimarães no curso de futurologia ministrado por Gilberto Freyre na Universidade de Brasília — Foto: Reprodução)

 

Na roda de encerramento, Mateus Guimarães, sobrinho de Honestino Guimarães falará um pouco do tio. Recentemente, em 2014, a família dele recebeu do governo federal, como ato simbólico, uma carta com pedido de desculpas e abriu mão de qualquer reparação financeira. Na ocasião, foi realizada uma cerimônia na UnB, onde Honestino foi estudante e organizou atos pela democracia. No mesmo ano, foi publicada no Diário Oficial da União a declaração que concede anistia política “post mortem” ao líder estudantil e ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). O documento também determinou retificação do atestado de óbito, para que passasse a constar como causa da morte “atos de violência praticados pelo Estado”.

 

“Para encerrar a mostra, a escolha do filme foi por ele ser emblemático para a história da nossa comunidade. E é um filme muito impactante porque, depois de ver as imagens e os depoimentos, nunca mais se enxerga o campus com os mesmos olhos”, comenta Brenda Oliveira Kelly, Diretora da Diretoria de Organizações Comunitárias, Cultura e Arte (UnB/DAC/DOCCA). “A memória daquele período está oculta dentro da Universidade, está muito mais no imaginário de quem viveu do que do estudante de agora, porque os estudantes que entraram recentemente na UnB não têm acesso tão vivo e concreto a essa história”, diz.

 

A UnB também convidou para o evento de encerramento dois integrantes da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB (CATMV/UnB), criada em agosto de 2012 para investigar violações de direitos humanos e liberdades individuais ocorridas entre 1º de abril de 1964, data do golpe militar, que se seguiu a uma imediata intervenção de tropas na Universidade, até 5 de outubro de 1988, dia de promulgação da Constituição democrática brasileira. Otávio Guimarães, professor do Instituto de História da instituição, e Fernando Oliveira Paulino, professor da Faculdade de Comunicação, são integrantes do grupo que é formado por professores e ex-estudantes da instituição. Durante mais de dois anos e meio, a CATMV colheu depoimentos de docentes e estudantes perseguidos, analisou extensa documentação do Arquivo Nacional e de outros acervos e realizou audiências públicas.

 

Entre os casos emblemáticos revistos pela Comissão, estão o de Anísio Teixeira, reitor da UnB afastado do cargo pelos militares e morto em 1971 em circunstâncias até então questionadas, e os desaparecimentos de Honestino, Paulo de Tarso Celestino da Silva e Ieda Santos Delgado.

 

(Ieda Santos Delgado foi estudante de Direito da UnB, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e desaparecida política na ditadura militar brasileira. Fonte Comissão da Anistia)

(Tarso Celestino da Silva formou-se em Direito na UnB. Foi um advogado, ativista político que lutou contra o Regime Militar do Brasil. Fonte Comissão da Anistia)

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Serviço:

Mostra: de 21 a 26 de outubro de 2018 nos Anfiteatros 09 e 10, Campus Darcy Ribeiro, UnB. Sessões às 12h e às 15h.

 

Sexta-feira: 26 de outubro de 2018, Anfiteatro 10, 19h

Roda de conversa de encerramento

19h - Exibição do filme “Barra 68 - sem perder a ternura”

20h30min - Convidados para a roda: Mácia Abrahão, reitora da UnB; Vladimir Carvalho, diretor do filme; Fernando Oliveira Paulino, integrante da Comissão Anísio Teixeira de Memória da Verdade da UnB; José Otávio Guimarães, integrante da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB e Mateus Guimarães, sobrinho de Honestino Guimarães.